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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Mensagem de Reflexão - O rei que se condenou à morte

Enquanto uns guerreavam, ele descansava


Por Marcelo Crivella
redacao@arcauniversal.com


Havia um rei cujo exército estava em guerra. A luta era contra os povos que tentavam invadir suas terras. Aquele rei, que tinha sido um excelente soldado no passado, agora um tanto cansado permanecia no palácio, recebendo notícias da frente de batalha através de seus mensageiros.

Não que fosse um homem velho, porque isso ele não era, mas pensava que depois de tantas conquistas merecia permanecer em seus aposentos. Como era o rei, a ninguém mais cabia qualquer opinião.

Foi então que num belo dia, enquanto passeava no terraço de seu palácio, avistou por cima do muro uma mulher que se banhava em sua casa. Impressionado com sua beleza, o rei logo tratou de trazê-la à sua presença.

Ao conversar com ela, soube que se tratava da esposa de um dos seus mais valorosos soldados, o qual se encontrava, juntamente com o restante do exército, no campo de batalha.

Aproveitando-se da situação e crendo que ninguém descobriria sua trama, o rei tomou aquela mulher como sua e a obrigou a dormir aquela noite com ele no palácio.

No dia seguinte, o rei a despediu bem cedo, procurando esquecer o fato. Recomendou que ela guardasse segredo e que voltasse para sua casa, como se nada tivesse acontecido.

Alguns meses depois, tudo parecia estar em ordem. O rei já nem se lembrava mais daquela noite. Um dia, a mulher retornou ao palácio. Aflita, desejava uma audiência particular com sua majestade.

Alegava que o assunto era muito grave. O soberano a recebeu em particular. Assim que ela entrou, revelou que estava grávida. Foi como se o céu desabasse sobre a cabeça do rei!

E agora, como seria quando o marido voltasse da guerra, e encontrasse sua mulher grávida?

Certamente a levaria à corte e, de acordo com as leis, ela seria declarada adúltera e punida com a morte!

Como salvá-la e também a criança, sem revelar o pecado que havia cometido?

O rei estava aflito, sem poder se consultar com qualquer um de seus súditos!

Foi então que ele teve uma ideia para encobrir o problema. Por que não chamar o soldado urgentemente e dar-lhe alguns dias de folga? Vindo para casa, naturalmente possuiria sua esposa, e, quando voltasse da guerra e a encontrasse grávida, pensaria que a fecundara no dia de sua folga.

Assim, o soldado foi, por ordem real, trazido ao palácio. Após ter tido a honra de jantar com o rei, recebeu ordem para que aproveitasse sua folga em casa, com a esposa.

Ao se despedir do soldado, o rei tinha a certeza de que tudo estava resolvido. Na manhã seguinte, porém, teve uma grande surpresa. Sua majestade encontrou o fiel soldado dormindo à porta do palácio.

- O que é isso, homem? Não te trouxe eu de volta da guerra para que tivesses a recompensa de estar em tua casa, com tua mulher? Que fazes deitado à porta de meu palácio? - disse o rei, indignado.

- Majestade, sinto-me honrado por tudo quanto Vossa Excelência me proporcionou. Ocorre, porém, que ontem à noite, quando deixava o palácio, senti-me imensamente pesaroso pelo fato de estar indo ao encontro da mulher que amo, enquanto meus companheiros dormiam ao relento da noite, acampados pelas colinas, a lutar pela paz de nosso país. Decidi, portanto, dormir à porta do palácio, a fim de que de alguma forma, ao sentir o vento da noite, pudesse compartilhar a dor de meus companheiros - respondeu o soldado.

O rei se sentiu envergonhado. O que dizer a tão nobre guerreiro? Mais do que nunca passou a temê-lo. Não podendo quebrar sua fidelidade para com seus companheiros de guerra, ele o enviou de volta à frente de combate.

Antes de partir, porém, o rei deu-lhe uma carta lacrada, para ser entregue ao comandante do exército. Sem saber, o soldado levou sua sentença de morte. A carta determinava que ele fosse colocado na frente mais cruel da batalha. Lá, veio a morrer em ação. O rei se casou com a viúva. Enfim, tudo resolvido, pensou ele.

Passado algum tempo, quando novamente a paz reinava no país, sentado o soberano em seu trono, um profeta trouxe-lhe uma causa curiosa:

- Apenas uma ovelha, uma única ovelha, era tudo o que um dos servos fiéis de vossa majestade possuía. O pobre homem cuidava dela com todo amor, pois era tudo o que tinha na vida. Amava-a como o bem mais precioso que Deus lhe dera. Um dia, um homem rico, dono de vastos rebanhos, tendo recebido visitas em sua casa, não querendo desfazer-se de uma de suas ovelhas, mandou que apanhassem e preparassem a ovelha daquele pobre homem.

Interrompendo, o rei indignado exclamou:

- Que caia sobre mim a punição de Deus se ainda hoje eu não tirar a cabeça de tal homem!

Toda corte se calou diante do furor do rei. O homem que cometeu tamanho desatino jamais escaparia com vida.

Antes que os soldados saíssem em busca do tal criminoso, o profeta disse ao rei:

- És tu o homem a quem me refiro, ó rei! E com as tuas próprias palavras condenastes a ti mesmo!

O rei que se condenou à morte é nada mais nada menos que o rei Davi. Deus o perdoou, porém a punição de seu erro foi talvez uma das maiores aplicadas na Bíblia. Seu pecado cometido em oculto foi trazido à luz do sol, e aquilo que o rei tanto queria esconder, ainda hoje, aproximadamente quatro mil anos depois, é assunto nesta história.

Jesus disse que não há nada escondido que não venha a ser revelado.

"Nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido e revelado." Lucas 8.17

Que o Espírito Santo possa dirigir nossas vidas, para vigiarmos e nos mantermos na batalha diária, o melhor lugar para nos refugiarmos da tentação.

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