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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mensagem de Reflexão - "A estrada esburacada"

Quantos sacrifícios você já fez e pareceu que não valeram a pena?


Por Jaqueline Corrêa / Foto: Thinkstock
jaqueline.correa@arcauniversal.com


A estrada estava muito esburacada. Mesmo assim, Tom precisava chegar a qualquer custo a outra cidade, afinal, era aniversário de seu filho, e fazia tempo que não via o menino desde que se separou da esposa.

A previsão do tempo já anunciava que um forte temporal se aproximava daquela região, apesar disso, Tom não recuou. Ele ficou preocupado, é bem verdade, mas arrumou uma pequena mala, guardou os presentes do filho no carro e rumou para a estrada ainda inacabada.

Aquele era o único caminho, o mais longo e o mais difícil, mas o que ele poderia fazer senão encará-lo?

Ao sair da cidade, as nuvens já se formavam como fumaça negra que sai da chaminé. O sol logo se escondeu, como se previsse o que viria pela frente. As árvores começaram a se agitar, e Tom logo sentiu o vento forte entrando pelas janelas do carro.

E pelas ruas, pessoas correndo, outras andando rápido demais, algumas carregando guarda-chuvas – que pela força do vento viravam ao contrário –, outros objetos que insistiam em sair voando, caixas de papelão flutuando de um lado a outro, sacos de lixo se abrindo... Um verdadeiro início de caos.

Minutos depois, Tom já se encontrava no começo da estrada. Ainda não estava chovendo, mas às três horas da tarde já estava tão escura quanto o início da noite. Os primeiros pingos d’água começaram a cair. E o limpador do vidro, já balançava de um lado a outro, tirando a poeira da terra batida e lama seca que se acumulava no para-brisa.

Tom aproveitou que ainda não chovia e acelerou o carro tanto quanto podia para se antecipar e não ficar preso no meio do caminho. Não adiantou. Dez minutos após adentrar na estrada, a torrente caiu. Ainda assim, ele continuou acelerando. Um buraco aqui, outro ali, desviava do que podia, atolava, acelerava...

Até que o motor estava se sobrecarregando demais, e Tom precisou descer para empurrar. A lama chegou a passar do tornozelo, e não foram preciso dois minutos assim que desceu do carro para ficar completamente encharcado. O rapaz empurrou o que pôde, e até arranjou uma tábua para colocar debaixo de um dos pneus traseiros, para desatolar o veículo dali.

E conseguiu.

Tom seguiu adiante, mas uma árvore velha demais havia caído logo à frente. O tronco não alcançou toda a extensão da estrada, mas o motorista que insistia passava com bastante dificuldade. Tom era um deles. Pensou na loucura que estava fazendo, no risco que estava enfrentando, mas pensava no filho – a quem nunca mais tinha visto –, na distância e na carinha de felicidade da criança assim que o visse. Era o preço a pagar, e se era justo ou não, Tom não se interessava em saber.

Assim, ele seguiu com muito aperto.

Porém, logo mais à frente, descobriu outra enorme árvore caída na estrada. Desta vez, esta era espessa e alta demais, a ponto de cobrir a extensão da estrada completamente. “E agora, como vou passar? É impossível!” Tom se desesperou e começou a chorar no dentro do carro.

E como não havia outro jeito, ligou para a ex-esposa explicando o motivo da ausência, mas o sinal falhou e ele não conseguiu ouvir o que ela estava dizendo.

E com a mesma dificuldade com que foi, voltou para casa, triste e lamentando todo o ocorrido. Mais algumas horas, e ele chegou em casa todo sujo, olhos marejados e a angustia estampada no rosto.

Quando abriu a porta...

– Papaaaaaaaaaaaaaai!!!!

O filho de Tom sai correndo pelo corredor da casa do pai em direção a ele, com aquele sorriso de ternura que só uma criança sabe dar. E aquela frustração resultante de todo o sacrifício que parecia ter sido em vão, não foi suficiente para estragar a realização do sonho de rever o filho no dia do aniversário, mesmo que de uma maneira totalmente inusitada e surpreendente.

Para refletir

Quantos sacrifícios você já fez e pareceu que não valeram a pena? Eles valem a pena, e você percebe isso quando vê que o seu sonho é realizado quando menos se imagina ou se espera.

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