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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mensagem de Reflexão - O perfume de aroma eterno

Esta história lembra a incompreensão daqueles que ainda criticam as ofertas que o povo de Deus traz ao Senhor Jesus

Por Marcelo Crivella/Fotos: Thinkstock
redacao@arcauniversal.com

Conta-se que há muitos e muitos anos havia no Oriente um exímio perfumista, que dedicara toda a sua vida a pesquisar e produzir perfumes. Sendo um homem sábio e muito justo, tinha na sua profissão uma maneira de adorar a Deus, já que os aromas das flores, que transformava em perfumes, traziam enlevo para a mais triste das criaturas.

Essa antiga arte de fazer perfumes era uma tradição em sua família, sendo os segredos passados de geração em geração, de pai para filho. O sábio homem não chegava nem perto do que se podia chamar de rico; do que tinha, porém, fazia questão de dividir com os pobres. Sentia-se abençoado por trabalhar com os preciosos aromas da natureza e, assim, parecia produzir seus perfumes como cânticos de louvor ao Criador.

Aquele perfumista se destacava notoriamente de todos os demais, por uma habilidade nata: ele era absolutamente extraordinário no trato e mistura das essências. Seus perfumes se tornaram famosos e agradavam a todos que tinham o privilégio de experimentá-los.

O velho, porém, a si mesmo não se dava por satisfeito. Guardava em seu coração o sonho de produzir um perfume cujo aroma jamais se desvanecesse. Embora tratasse com o máximo de carinho e esmero as pétalas das mais lindas rosas, orquídeas, cravos e outras flores, e por melhor que fosse o preparado, o perfume durava apenas poucas horas naqueles que o usavam, para logo se perder no ar.

Acreditava o perfumista que Deus, perfeito e onipotente, certamente havia criado uma flor especialíssima, a qual pudesse ser trabalhada com as melhores químicas existentes, e que, encontrando-a, poderia ele obter o perfume de aroma eterno.

Seu pai, quando vivo, contara-lhe que em uma gruta de um dos montes que circundavam a Cidade Santa, Jerusalém, uma vez por ano nascia uma planta belíssima, cujas raízes continham uma excepcional substância, da qual se podia obter o mais extraordinário aroma, diferente de todos os que sentira em toda a sua vida. Seu perfume parecia misturar o aroma de todas as outras plantas; era, portanto, algo especialíssimo.

Na única vez em que tivera as preciosas raízes em suas mãos, fora assaltado por uma caravana de beduínos, os quais lhe tomaram a bolsa e, com ela, seu tesouro. Nunca mais fora capaz de colher aquela raríssima joia.

Agora, sendo já velho, decidiu naquele mesmo ano ir procurar a tal planta. Tinha o perfumista no coração o propósito de deixar como um legado à humanidade o perfume de aroma eterno, uma atitude de gratidão a Deus, que lhe dera o talento para o trabalho com as essências.

Movido pelo seu sonho, partiu em busca da tal caverna que, conforme a descrição de seu pai, tinha a forma parecida com uma caveira. Chegou nos primeiros dias da Primavera à Cidade do Grande Rei, Jerusalém, também conhecida na Antiguidade como "Umbigo do Mundo".

Inquirindo árabes e judeus, guardas e mercadores, conseguiu informações sobre cada uma das cavernas existentes nas redondezas e, cuidadosamente, inspecionou todas. Ao sopé de uma elevação vizinha às muralhas de Jerusalém, próximo ao Portão de Damasco, ao Norte do grande templo do rei Salomão, encontrou ele a gruta. Era exatamente como seu pai descrevera: uma perfeita caveira.

A cada manhã, o homem percorria cada polegada daquela caverna em busca da tal planta. A Primavera tinha forrado o chão do local com inúmeras espécies de flores rasteiras, mas nenhuma delas era a que o perfumista buscava. Até que um dia, quando andava a passos lentos e cuidadosos, atento a cada detalhe, avistou algo diferente entre as mais lindas flores, as quais jamais havia visto.

O sol daquela manhã parecia fazer brilhar mais o intenso vermelho das pétalas e, ao se aproximar o homem, qualquer dúvida que lhe pudesse ocorrer foi desfeita. O aroma que a planta exalava era ainda mais sublime que tudo que havia imaginado. Ajoelhou-se então o perfumista e fez uma oração, pois sabia ter alcançado uma dádiva dos céus.

Não a colheu naquela hora. Ainda que desejasse começar a trabalhar imediatamente, achou que deveria aguardar até a plantinha crescer um pouco mais, para dar-lhe em quantidade suficiente a matéria-prima da qual tanto precisava. Não por ambição, pensando no dinheiro que o perfume poderia lhe render, mas por desejar fazer algo que despertasse nos homens o louvor e reconhecimento da grandeza de Deus, como o aroma eterno de um maravilhoso perfume.

O dia esperado, enfim, chegou. Sendo um bom artesão e meticuloso engenheiro das essências, o artista já tinha tudo preparado em sua improvisada oficina na gruta. Levantou-se ainda de madrugada, aguardou o dia clarear e, no frescor dos primeiros raios de sol, recolheu cuidadosamente em sua cesta cada uma das raríssimas joas que Deus havia criado.

Preparou então o perfume mais extraordinário que jamais havia feito. Para armazená-lo, encomendou o mais perfeito vaso de mármore e o selou de tal forma que pudesse transportar o valioso tesouro de volta ao seu país. Era tão extraordinário aquele perfume que, mesmo contido no vaso de mármore maciço, exalava distintamente seu aroma.

No caminho, próximo à cidade de Betânia, o perfumista passou por uma mulher que imediatamente se sentiu atraída pelo perfume exalado do vaso, que ele levava cuidadosamente atado ao lombo do seu burrinho. Explicou ela que procurava algo especialíssimo para alguém que amava acima de tudo e de todos.

Tendo procurado por todos os mercados de Jerusalém, e ainda nas caravanas dos mercadores que cruzavam os desertos da Judéia, nada havia encontrado que pudesse ser comparado àquele perfume.

Pedia, portanto, veementemente, que lhe fizesse o preço que desejasse, para que ela pudesse presentear a quem tanto amava.

O homem explicou tudo quanto sucedera desde que deixara seu país em busca das raízes de aroma eterno, frisando que a raríssima planta nascia uma única vez por ano e, portanto, não teria nenhuma chance de retomar seu trabalho em curto prazo. Ao ouvir isso, a mulher respondeu:

- Se apenas uma vez por ano podes colher as preciosas raízes, pagarei de bom grado um ano de salário pelo perfume!

Desejava ela presentear alguém a quem realmente amava acima de tudo e de todos. Aquela disposição de pagar tão vultoso preço despertou no perfumista sua curiosidade, pois ela nem de longe parecia ser nobre ou rica. Certamente pretendia ela presentear algum juiz que a livrasse de ser condenada, ou algum imperador que lhe pudesse retribuir favores, concluiu o homem.

- Permita-me perguntar: a quem se destinará este presente, pelo qual pareces disposta a pagar muito mais que tuas posses permitem? Por acaso é um imperador, um juiz ou um general do exército, de quem necessitas de algum favor? - disse-lhe o perfumista.

Humildemente, ela respondeu:

- Não, senhor perfumista. Aquele a quem quero dar este presente não tem nenhum título; jamais viveu em castelos e nunca foi rico. Fazendo o bem e amando aos pobres, tornou-Se odiado pelos poderosos.

Tem percorrido toda a nossa terra a curar os enfermos e a consolar os que choram. Nunca recebeu sequer um presente, e também nunca exigiu coisa alguma. Se vieres comigo, eu te mostrarei Aquele de quem falo.

Aquele gesto tocou o coração do velho perfumista. Ora, quem mais ele poderia encontrar que tivesse tamanho amor, a ponto de pagar o equivalente a um ano de salário para presentear alguém que não fosse importante para os homens?

Assim se foram pela estrada, caminhando e conversando, o perfumista e a mulher. Ao longo da viagem, o homem se maravilhava ouvindo as mais lindas histórias de amor. A maneira pela qual a mulher falava contagiava seu coração.

Ao chegarem ao local onde estava Aquele de quem a mulher falara, o homem se juntou aos que O ouviam e percebeu que aquelas palavras eram de Deus.

Quando a mulher lhe solicitou que permitisse usar o perfume, ele imediatamente atendeu. Ela adentrou a casa decididamente e partiu o vaso de mármore, derramando o perfume sobre a Sua cabeça, espalhando no ar aquele aroma celestial.

O perfumista pôde perceber que comentários se seguiram e não entendeu alguns que consideravam o ato um desperdício, alegando que o perfume, se vendido, poderia angariar fundos para os pobres.

Ouviu também o Mestre dizer-lhes:

- Por que vocês afligem esta mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Os pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim não me haveis de ter sempre. Derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. Em verdade vos digo que onde quer que este Evangelho seja pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua.

O velho perfumista estava maravilhado; ele jamais ouvira ensinamentos tão belos. Adiou sua viagem e ficou hospedado na casa daquela mulher, chamada Maria.

Dois dias mais tarde, chorando, viu o Mestre ser crucificado no monte onde havia a gruta com forma de caveira, na qual, algum tempo antes, colhera as preciosas flores. O corpo d'Ele estava terrivelmente machucado e com muito sangue, mas ainda assim era possível sentir o aroma do perfume, trazido pelo vento daquela tarde fria.

Lembrou-se então do que Ele dissera, que o gesto de Lhe ungir com o perfume seria pregado para sempre, e entendeu que seu sonho de obter o perfume de aroma eterno havia se realizado.

Esta lenda, meu amigo leitor, apenas nos traz outra vez o aroma daquele perfume. O aroma que lembra a incompreensão daqueles que ainda criticam as ofertas que o povo de Deus traz ao Senhor Jesus; muito mais ainda lembra o gesto e o amor daqueles que não veem preço para que nossas ofertas sejam, hoje, o perfume que prepara a ressurreição do nosso Senhor na vida daqueles que não O conhecem.

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